terça-feira, 18 de dezembro de 2012

02/04/2012

Havia essa explícita necessidade. Não tinha outra cura ou remédio. Porque já era notável, a quem estivesse passando na outra calçada, que, a cada quatro passos que ela dava, valia uma mirada para trás.

Ela ia sem bagagem. Mas numa velocidade de tartaruga quando cabisbaixa. Porque já era notável, a quem estivesse passando na outra calçada, que a menina não estava com ânimo nenhum de ir embora. O que estava à frente, no momento, não lhe atraía. Era um céu acinzentado feito uma pasta homogênea. (No entanto, sejamos francos: nem o que estava atrás, objeto de sua atenção constante, era mais "atrativo". Nada havia. Apenas o deixado.)

Mérito da ventania ou de uma breve reflexão: ela viu a esquina. Achou sua resposta. O que será que encontro se eu dobrar a esquina? Será pior do que aqui? Será melhor? Vale a pena abandonar meu vagaroso caminhar se eu não posso mais voltar?

A única certeza, então, era essa: virando a esquina, você não tem mais como olhar para trás. A visão é outra. Tudo será esquecido porque deixado em outra rua.

Minhas memórias são como um grande quarteirão perdido em uma cidade cinza.

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