terça-feira, 14 de agosto de 2012

Presente de segunda-feira

Ontem à noite eu ganhei um poema - acompanhado d'O Nascimento de Vênus, de Botticelli. Me senti incrivelmente feliz e muito honrada.


Primeiro soneto a Maria dos Povos, de Gregório de Mattos

Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos e boca o Sol e o dia,

Enquanto com gentil descortesia
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança voadora
Quando vem passear-te pela fria,

Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trata a toda ligeireza,
E imprime em toda a flor sua pisada.

Oh não aguardes, que a madura idade,
Te converta essa flor, essa beleza,
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.

2 comentários:

  1. Eu vi esse quadro pela primeira vez quando eu tinha uns dez anos de idade, foi a minha professora de artes do colégio que levou uma réplica pra gente ver. Foi amor à primeira vista! Sempre que me lembro desse quadro, lembro daquela aula de artes como se ela tivesse acontecido ontem...
    E que intertextualidade perfeita entre o soneto e o quadro! Maria seria Vênus?
    Enfim... O último terceto é o meu preferido, embora essa gradação seja terrivelmente angustiante :)

    Abraço,
    Marina.

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    Respostas
    1. Marina,

      Que lindo seu comentário.
      Pois é, esse quadro é marcante mesmo. E cada personagem tem nele sua função...
      Também gosto muito.

      A analogia foi perfeita. E um ótimo presente.

      Beijo,
      Milena.

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