sábado, 16 de junho de 2012

Los cielos de Violeta Parra

Texto escrito para o portal FalaCultura. Publicado em 14/2 e atualizado em 06/6 (para a estreia do filme no Brasil).



Antes de Bob Dylan, houve Violeta Parra, que cantou a alma da América do Sul. Agora, esse ícone é relembrado em cinebiografia de Andrés Wood.


Violeta Parra (1917 – 1967) foi pintora, escultora, poeta, cantora e considerada a fundadora da música popular chilena. Não chegou a completar seus 50 anos, pois nasceu em outubro e faleceu no mês de fevereiro. Marcou a história do Chile, com sua determinação, sua inquietude e seu amor pela arte.
Ano passado, esse ícone da cultura latino-americana ganhou uma homenagem do cineasta Andrés Wood. O diretor levou às telas uma adaptação do livro escrito por Ángel Parra, filho de Violeta.

Sem ordem cronológica, o filme mostra um pouco da Violeta criança, ao lado de seu pai – cantor e uma grande inspiração para ela -, o tempo que passou na Europa, seus amores e suas dores. No entanto, o ponto principal é aquilo que movia Violeta: sua força de vontade. Violeta não aceitava limites.

O filme estreou no Chile em agosto do ano passado e conquistou o prêmio de Melhor Filme no Festival de Sundance. Agora, o longa chega a terras brasileiras, pela Imovision.


La película

Violeta se fue a los cielos fez sua estreia em 11 de agosto de 2011, com a presença de 6 mil espectadores, em 21 salas em todo o Chile. Em janeiro, foi indicado ao Prêmio Goya na categoria de Mejor Película Iberoamericana (Melhor Filme Íbero-americano).

Também foi escolhido pelo Consejo Nacional de la Cultura y las Artes como o representante nacional para a categoria de Melhor Filme Estrangeiro do Oscar – que, assim como o brasileiro Tropa de Elite 2, não passou pelo comitê de seleção.

O filme ainda ganhou o principal prêmio no Festival de Sundance desse ano e foi indicado em várias categorias ao Ariel, o “Oscar da Espanha”.

Se o filme não tem muito brilho e, por não ter uma ordem cronológica, é um tanto confuso no início, ele é muito bem recompensado pela interpretação da atriz Francisca Gavilán no papel de Violeta.

Francisca, além de ser parecidíssima com Violeta Parra, canta ela mesma todas as canções. Além de suas interpretações, há também músicas cantadas com sua irmã Hilda. Ao todo, são 22 músicas em menos de duas horas de filme – o que só vem a enobrecer a trama.

As músicas dão o ritmo perfeito à história. Tudo termina e músicas como El Palomo, Run run se fue pa’l norte, Gracias a La Vida e Volver a los 17 – eternizada na voz de Mercedes Sosa -, só para citar alguns exemplos, seguem ininterruptamente na nossa cabeça.

Francisca, em entrevista a um telejornal chileno, afirmou que o mais difícil - “un desafio, una lucha, una pelea” -, foi encontrar o tom de voz de Violeta. Ao final, em algumas ocasiões, chegavam a pensar que não era mais Francisca quem estava cantando.

A força de Violeta, como já falado antes, é um dos pontos principais da trama.

Tão forte e tão desconhecida. Violeta Parra deixou seus filhos e seguiu à Europa impondo seus desejos. Invadiu o Louvre, buscando um espaço para a exibição de suas pinturas. Amou intensamente um homem mais novo.

Se no campo das artes ela manteve seu orgulho intacto, tentando mostrar ao mundo o que era o Chile, no amor, entretanto, Violeta tinha suas inseguranças. O charme de Violeta era sua personalidade forte.

Violeta se fue a los cielos também tem uma mãozinha brasileira. Denise Gomes (Tropicália) é co-produtora do filme de Andrés. Após ver Machuca (filme do cineasta mais conhecido por aqui), Denise, que é da Bossa Nova Films, manifestou o desejo de trabalhar ao lado do diretor chileno. E, assim, surgiu a participação de Denise na história de Violeta para as telonas.

Francisca Gavilán como Violeta Parra

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