sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Amador - 2010


Um senhor de idade avançada é deixado por sua filha aos cuidados de uma jovem garota chamada Manuela. Esta é casada com Nelson, um comerciante de flores roubadas, e está esperando seu primeiro filho.
No entanto, ela decide não contar ao pai. A questão é que Manuela descobre que está grávida logo após optar por ir embora de casa. Ironia do destino. Ela então continua com o marido.

Para comprar uma geladeira e a fim de garantir o sustento de sua criança, a jovem começa a tomar conta de Amador. O velhinho é um dos primeiros a saber que Manuela será mãe em breve. Os dois discutem, conversam, ficam em silêncio. Amador toma remédios, monta quebra-cabeças e fala da vida por meio de metáforas.

Entretanto, o velho morre antes da hora; antes de completar um mês. Manuela precisa manter Amador vivo e escolhe não contar à filha.

O filme é simples e tem poucas locações. Manuela ou está em casa ou no "trabalho" - no máximo vai até à farmácia, pois continua comprando os remédios de Amador.
Talvez seja um pouco lento. Mas a história em si é bem singela. Se nos permitirmos uma leitura mais crítica, podemos relacionar a situação de Manuela a dos hospitais particulares que deixam seus pacientes em um estado de sobrevida.

Há, por outro lado, a negação da morte. Sabemos que Manuela não deixa Amador ir por causa do dinheiro que tem para receber pelo emprego. No entanto, muitas famílias, na dificuldade em lidar com a morte, insistem em manter seus entes vivos, através das roupas, dos objetos pessoais e do próprio quarto.
O que surpreende é o fato de a filha de Amador, quando retorna à casa, pedir a Manuela que "prossiga com o que tem feito", pois aquela necessita da pensão do pai.

O filme é bom. Em vários momentos, me pareceu que ele fosse cair, por meio das falas, em alguma obviedade, mas não foi o caso. Achei a história muito interessante, mas os personagens não são bem trabalhados. 
Nós conhecemos pouco de Nelson, um tiquinho de Amador - que passa metade do filme morto debaixo de um lençol -, nada da filha e quase nada de Manuela. Não há uma cena que não tenha a jovem. Ainda assim, ela é desconhecida.

O que mais me encantou realmente foi a trama. Vale a pena!

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