domingo, 17 de julho de 2011

Diário de Bordo: Brasília #2

... Brasília, 04 de julho de 2011

Meu segundo dia em Brasília foi de muita emoção. Antes de seguir a programação planejada, ganhei a versão real deste Diário de Bordo, para anotar aspectos da viagem. É um registro feito a mão mesmo.
Primeira parada: Memorial JK.
Uma coisa interessante que percebi em Brasília é que todos os museus possuem entrada gratuita. Muito bacana isso, já que aqui em SP não é bem assim. Para entrar no Memorial, no entanto, é pago R$6 (e R$3 a meia), pois ele pertence à família Kubitschek.

Sarah...

Nunca mais esquecerei de duas sensações lá dentro. A primeira foi quando cheguei ao primeiro andar, todo escuro. Neste andar, é possível ver roupas do Juscelino e da Sarah, vídeo sobre a construção de Brasília, fotos, papéis, os outros possíveis projetos para a Novacap, os registros da Missão Cruls etc. Ah, e as inúmeras homenagens -  e presentes - que JK recebeu ao longo de sua vida.
Parte dessa primeira sensação também foi adentrar num enorme espaço círcular que existe nesse andar. A princípio, pensei que fosse uma espécie de instalação com vídeos e poltronas. Esperava ver toda a exposição, as enormes fotos com outras figuras públicas, como Fidel Castro, por exemplo, e depois conheceria a tal instalação.
Tudo mais escuro que o espaço de fora, com apenas algumas luzes de chão vermelhas. A única coisa presente era uma enorme "caixa" retangular. Preta. Mármore? Granito? Nela estava grafado "O Fundador". Eu ainda estava em dúvida. Para uma moça que trabalha no Memorial, olhei com questionamentos.

- São os restos mortais do Juscelino.

O Fundador. Ainda fiquei alguns minutos ali no espaço circular. Depois, saí.

Voltando ao térreo, que na verdade é o subsolo - como pode ser visto na foto, para entrar no Memorial, há uma rampa para descer -, fui conhecer a biblioteca de JK. Eis o segundo fato que não esquecerei jamais. Quando entrei na biblioteca, dei de cara com nove livros de Shakespeare. Nove livros com toda a obra shakespeariana! Dei uma volta na biblioteca abarrotada de livros preciosos e raros. Relíquias. Voltei aos de Shakespeare. "Tão antigo! Shakespeare grafado sem o 'e'. Shakspeare..." Não cabia em minha cabeça a idade daqueles livros! Já tinha lágrimas nos olhos, quando um homem de terno branco, do Memorial, disse-me:

- Foi presente da Rainha Elizabeth ao presidente. São os únicos no mundo. Tem mais de 200 anos.

Chorei. Ainda não sei explicar a sensação de ver aquilo. Se eu nem entendo ao certo, é quase impossível converter este fato em palavras.

Essa é a parte de trás do Memorial. Na frente,
tem o casal Kubitschek sentado num banco

Seguimos para a minha próxima parada: Santuário Dom Bosco. Falei dele no post passado. Minha vontade de conhecê-lo era imensa. Eu imaginava que, ao entrar na Dom Bosco, seria levada diretamente ao céu e conseguiria dançar em meio a tantas estrelas. É lindo lá dentro! A Catedral de Brasília é linda também, os anjos são maravilhosos, mas nada se compara, ao meu ver, à entrada na Dom Bosco. Aqueles vitrais são de outro mundo. Aquel lustre foi tirado de algum filme! Não é possível!


Não tirei fotos. Fiquei apenas olhando e olhando e olhando e olhando. Um verdadeiro céu. Voltei depois de alguns dias. Apesar de minha relutância - eu queria guardar a sensação sem registros visuais, para não misturá-la com outras coisas -, tirei algumas fotos, a pedido de minha amiga, Maria Gorete. Como eu estava com uma máquina digital normal, muitas fotos não ficaram legais. Mas fica guardado na memória, claro, para um breve retorno.

O céu da Dom Bosco

A caminho de casa, passei na Paróquia Santa Cruz. Muito bonita e com um ar indígena. E, à noite, fomos ver um filme no Teatro dos Bancários. Pelo o que eu entendi, toda segunda-feira é exibido um filme nacional ou internacional. Após a sessão, há uma discussão sobre o que foi exibido. E, para terminar, um sorteio bem legal de coisas nas quadras próximas: rodízio de pizza, jantar romântico, burgueria etc. O teatro também sorteia um par de ingressos para uma peça no final de semana.
Já havia sido sorteados todos os vales. "Nunca ganho essas coisas mesmo!"

- Agora, o par de ingressos para o stand-up de sábado, com o filho do Chico Anysio. Vamos ver...
"Bem que podia ser o meu, né?!"
- Eh... 16!
- EU! Eu!

Pois é. O stand-up nem foi legal. Mas aí é outra história. O dia foi incrível!



[MB]

Agradecimentos:
Fernando, pelo tweet;
Maria Clara Gomes, Luciana Ferreira,
Leonardo Vaz e Jubi Cardoso, pelos e-mails;

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