quinta-feira, 14 de julho de 2011

...

Naquela hora, eu esperava que você fizesse o oposto do que eu fiz. Discordasse de mim e me mostrasse que estava errada. Eu esperei, em meio aos minutos eternos de silêncio, por sua voz no telefone. Tudo o que você fez foi concordar comigo e falar que estava certa.
Não, eu não estou certa. E, se no fundo estivesse, esperava que você me enganasse com suas mentiras óbvias. Esperava uma insistência de sua parte e relutância de seu ego. Enfadada, disse-lhe algo, um ai qualquer, murmurei e fiz, aqui comigo, que ia desligar o telefone subitamente. Mas não. Resolvi comunicar-lhe.

- Tá, a gente se fala. Thau.
- Tá.
*

Eu juro que não deixaria um, se é que você me entende, amor de minha vida desligar o telefone. "Thau" naquele momento significava um "adeus". Será que você não foi capaz de perceber isso? O "adeus" implícito não precisou ser melodramático. O tom de tudo aquilo que foi dito e, principalmente, os silêncios constantes já lhe mostravam que eu estava indo embora; me esvaindo. A mágoa e a decepção juntas se ocupavam de preparar meu caminho para longe de você.

Não desliguei o telefone, meu querido. Eu fui embora. Não desliguei.



[MB]

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