quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Untitled

10h28
Texto escrito no mês de maio,  e editado, quando tudo doía muito.

Sei que certezas não permitem possibilidades e transformações. Detesto essa mania de certeza que eu tenho. Parece que não quero ser frágil. Mas, no amor, não há espaços para dúvidas. A lealdade, então, é superior à fidelidade.

Eu precisava - e preciso - de alguém que me espere quando eu tiver de ir. E love is waiting. Mas eu me puniria cruelmente se ferisse the man i love antes de partir. Como esperar em pedaços? Mas o amor espera. Por mais que você lute, brigue consigo mesma, cave buracos, se feche, se martirize, o coração continua resistente e pulsando. Como diz na Bíblia, o amor é forte como a morte.

Nesses caminhos traçados, com as certezas de que o amor espera, acredita e perdoa, como posso também ter a convicção (e aí seria contraditório) de que consigo partir e guardar mágoas? Não, não fui embora. Não, não guardamos mágoas. Do you want it badly enough to get over being hurt?

Mas eu estou machucada. Preciso confessar. Dói sentir. Dói pensar. Dói, por fim, sentir, lembrar, pensar, refletir, buscar e sentir novamente. É um ciclo vicioso. Vício. Se eu quero achar respostas, preciso mais uma vez espanar a leve poeira de semanas e abrir a caixa. Tudo retorna. Certo que a Pandora traz dor e raiva. E a gente afunda mais um pouco. Porque o amor não é mais do que o ato de a gente ficar no ar... antes de mergulhar.
Assim como eu caio, profundamente, dentro de mim mesma, encontro motivos para continuar amando. O amor fere e cura ao mesmo tempo. Nessas horas, as certezas são fundamentais. Enquanto estou em queda livre, galhos aparecem como verdadeiras mãos para me salvar. Por fim, retorno àquela cadeira. True love waits.

Mas qual seria o fim disso tudo? Todo fim de amor é infinito. Passamos um tempo nos enganando, tentando nos superar, buscando caminhos e estradas (porque a ideia de ir, de mudar, de se mover parece perfeita ao desespero de estagnar), para depois vermos que andamos em círculo. Que a resposta estava ao lado, com a cabeça apoiada em seus ombros. E o que fazer?

O arrependimento, ele existe. Ele vem. Umas pessoas se enganam afirmando que não se arrependem do que fizeram. Nós agimos por impulso em momentos de desespero. Qual foi o papel de tudo o que dissemos? The ice is getting thinner with every word that we'd speak.

A verdade (eis uma outra convicção!) é que tudo pode ser alterado. O tempo certamente não retorna. Mas pensar que essa seria a única possibilidade de mudar o rumo das coisas é também perder tempo. O começo está sempre aqui. E uma nova estrada sem o amor de nada vale. Senti-mo-nos incompletos e falhos.

Agora, passando por tudo o que eu teorizava na prática, vejo que sou mais humana; que sou carne também. Eu sou mais humana e afirmo que dói. Esse romantismo é satisfatório em livros, porque produz posteriormente idealizações. Estar na persona que sofre já seria o bastante para não continuar a história.
A paz, depois de tudo, é que não precisa correr tanto: o que é seu às mãos lhe há de vir.

Essa é a minha primeira atadura. Eis a marca de tantas não explicações e não motivos. Eis a marca de tantas buscas por entendimento. Mas ela se torna ínfima ao lembrar do primeiro beijo, dos abraços e dos segredos. O que é bom fica. O que é bom é capaz de recomeçar. Porque, no fim, o buraco construído, os muros levantados, as malas prontas não terão feito sentido algum. A vida é onde se está com.

Essa sou eu pulsando.

2 comentários:

Não estamos mais em 1968.