segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Haverá quem diga que montar textos de Augusto Boal (como "Murro em Ponta de Faca", que ele dirige agora), Gianfrancesco Guarnieri ou Oduvaldo Vianna Filho hoje é anacrônico, pois alguns teriam caducado com o fracasso da utopia socialista. Há, na decisão de reencenar "Murro...", um quê de saudosismo --não só político mas também de um certo espírito de teatro de grupo representado pelo Arena dos anos 50 e 60?

Não é saudosismo. Não acho que esses autores estejam ultrapassados. Existe toda uma geração de teatro que sabia escrever. Como os políticos sabiam escrever, vide a carta-testamento de Getúlio [Vargas]. [Carlos] Lacerda, nosso inimigo, sabia falar; podia ficar 24 horas na frente de um microfone na rádio esculhambando os outros políticos. Depois, vem uma fase de teatro da irracionalidade, muito mais corporal, físico do que da palavra. Hoje, se está retomando a palavra. 


Haveria saudosismo de minha parte...

10h20
(...) A gente, quando era novo, achava o TBC [Teatro Brasileiro de Comédia] um horror, uma imitação do teatro europeu. A gente polemizava, brigava. Agora, tem um negócio que é chato, constrangedor, que é a admiração. Eu vivo desmistificando os anos 60, o heroísmo, o peito aberto da luta contra o inimigo. Que nada! Éramos uns infelizes. Não tinha outro jeito senão correr da polícia.


Paulo José em entrevista a Lucas Neves, para Ilustríssima de 11/09.

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