No soneto LXV, Pablo Neruda pergunta por Matilde: "era
que de repente estavas ausente".
Na quarta estrofe, completa:
"e assim te espero como casa só
e voltarás a ver-me e habitar-me.
De outro modo me doem as janelas".
E eu acho que é este o verdadeiro problema da saudade. Não é
a dor em si, mas o sentimento de provisoriedade. É um "estado" apenas
("de repente estavas ausente") - que não tardará a ser alterado.
Dói. Mas a dor maior vem da espera.
No entanto, a saudade é a tristeza em eterna potência.
Assim, ela também nunca "é".
Saudade: melancolia com pequenos sorrisos, que se alimenta
do passado (nostalgia), aguardando pelo futuro onde tudo isso pode acabar.
De outro modo, por enquanto, me doem as janelas.
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