quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Depois de anos aqui no blogspot, o arquivo do blog foi transferido para o wordpress. :}
Nova vida, mesma vida. 

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Eu viajo sozinha desde os quatro anos. É claro que estou falando das minhas idas a Recife, onde sempre tive a maior parte da minha família me esperando. No entanto, com cinco anos, eu me lembro de estar numa conexão no aeroporto de Salvador, vendo o grupo 'É o Tchan' passar - e não é pelo fato das músicas terem embalado o Brasil dos anos 90 que a memória persiste até hoje. Eu me lembro disso porque estava acompanhada de uma aeromoça, que, tão extasiada quanto eu, quase se esqueceu de me levar de volta para o próximo voo. Enquanto víamos a Scheila Carvalho, eu escutei chamarem os números que estavam no saquinho pendurado em meu pescoço. Virei para ela e perguntei se não estava na hora de ir embora.

Quando me perguntam sobre momentos marcantes, eventos que delinearam um pouco do que sou hoje, eu digo, entre outras coisas, que foram as viagens sozinha. A saudade dos pais, e a não saudade dos pais, a eterna vontade de estar em meu quarto, a contínua familiarização com espaços novos, a consciência de que tudo se prende a um tempo delimitado (as férias), a aceitação da espera, a contenção de expectativas. Desde muito nova criei tradições, aprendi que elas um dia seriam quebradas (pela faculdade ou por um emprego novo) e aceitei que passaria a viajar de outra forma. 

Lembro-me das conversas que eu costumava a ter com a minha avó, onde dizia que nunca deixaria de ir a Recife nas férias, jamais deixaria de passar dois meses inteirinhos - me sentiria uma traidora se o fizesse. Hoje, eu me equilibro em quinze dias, muitas vezes espaçados durante o ano. Entretanto, como apontado no texto da Amanda, com base na pesquisa do Booking.com, as redes sociais nos ajudam muito. Ainda me lembro de cartinhas que minha mãe mandava por fax ou de aguardar a madrugada para entrar na internet e ver um e-mail dos meus pais. (É engraçado, pois na minha última viagem um dos ônibus tinha wifi e pude falar com meu pai por skype (áudio e imagem) a qualquer momento que eu quisesse e em ótima resolução.) Todos os valores persistem. E, se eu posso colocar mais um fato na conta das minhas viagens como 'menor desacompanhado', eu, claramente, associo o meu vício por viajar. Aliás, viajar de qualquer forma, viajar na caneta, no livro, nos sabores (há um creme dental que me leva para o Recife dos meus seis anos de idade até hoje). Eu me torno incrivelmente feliz toda vez que retorno, mais inspirada, alegre por voltar, ansiosa para ver o que mudou na cidade e sem querer viajar tão cedo. São duas semanas até o ‘tão cedo’ passar e eu começar a anotar os próximos destinos numa folha - e menos de um mês para que eu encha os amigos com a fatídica frase 'queria viajar de novo'. Mas é o tempo da espera.

O texto abaixo - que também pode ser lido sem o recorte de gênero, pois eu acho que se lançar ao mundo deixa qualquer pessoa mais autoconfiante e inspirada - por focar nas mulheres sozinhas que viajam me lembrou 'n' acontecimentos do meu último passeio ao Uruguai. Receber conselhos de dias e horários preferíveis para caminhar no centro, escutar 'brasil, brasil, oh!’ DIVERSAS vezes de homens asquerosos, receber ''''cantada'''' de policial (isso! pois é!), calcular se é melhor pegar o ônibus ou o táxi... Uma infinidade de situações que tornam o ter de lidar sozinha, da falta de dinheiro a mudanças de planos às compras do mercado ao entender o funcionamento do chuveiro, uma diversão viciante.

 - http://viagem.estadao.com.br/…/mulheres-que-viajam-sozinha…/

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Uruguai I

Hoje é o dia da saudade, aquela longa tarde em que você sente o alívio da chegada acompanhado de uma inquietação. Um sentimento de abandono, mas não de um lugar especificamente. De um estado. Ao lado do teatro e do jornalismo, viajar sempre foi um vício para mim. Gosto do gosto do antes; gosto da aventura do durante; adoro a vontade de voltar para casa. No entanto, já me entendo como um ser que precisa ir e vir livremente - e constantemente, planejar ou sair andando sem mapas. Não entendo como o mundo pode ser tão grande; e eu tão pequena. E o que me atrai não é a chegada ao topo, os pontos marcados, as listas riscadas, as dores sanadas. Eu gosto do caminho. Exatamente por isso eu escolho esta foto para a representação de um duplo estado de espírito: esse sorriso choroso, essa lágrima que não sai (porque não tem razão de ser). Eu entrei nesse sebo bagunçado da Ciudad Vieja aleatoriamente. Lá eu vi uma edição dos dramas de Shakespeare de 1883 (não estava disponível para ninguém - e nem estaria para qualquer bolso como o meu) e essa The New Yorker maravilhosa. Pedi então para sacar una foto. Fiz umas cambalhotas no enquadramento para que a real razão da imagem saísse. Era ele quem eu queria: esse homem que vive num espaço minúsculo, com óculos escuros e livros que ele não irá vender. Porque ele é feito daquele espaço (o sebo borgiano El Aleph) - e não do que poderia resultar da venda de exemplares. O dono do sebo continuou seu dia da mesma forma como ele deve passar pelos outros. Eu fui mais uma turista brasileira com quem ele conversou sobre Ditaduras e literatura. (Ou não.) Mas ele, para mim, é o dono do sebo de óculos escuros. Ele representa muito bem todas as pessoas divertidas que me contaram um pouquinho sobre suas vidas, suas origens, seu país e outras histórias. Da delícia de viajar: essas minhas pernas que conversam por aí; essa minha cabeça de balão que sai voando com um novo conto; esses braços flexíveis que abraçam o vasto mundo vasto. Posso pegar a próxima rua?



domingo, 28 de dezembro de 2014

Lendo "Trótski - exílio e assassinato de um revolucionário", de Bertrand M. Patenaude

Para os dias atuais, algumas situações no México de 1937-40 podem mostrar que nem tudo é tão simples, fácil e coerente (?) para ser enquadrado em azul ou vermelho.

- Cárdenas concedeu asilo a Trótski, por um pedido-amigo de Diego Rivera, muralista comunista, que 'virou' trotskista e depois stalinista. Rivera rompeu com Trótski - ou Lev Davidovich rompeu com Diego - porque resolveu defender um muralista que estava sendo censurado por sua arte antinazista. Rivera esperava o óbvio apoio do amigo na causa. Naquela época, o México estava dependendo da Alemanha para a compra de seus barris de petróleo. O revolucionário resolveu não arriscar o seu asilo no jogo.

- Amigos americanos de Trótski distanciaram-se do mestre por esperar sua atitude de repulsa à invasão alemã e soviética da Polônia e a pressão feita na Finlândia. Trótski, perseguido por Stálin, defendeu que, como a única nação proletária do mundo, as atitudes da URSS não deveriam ser condenadas (e também, ao que parece, livrou-as de julgamento).

- Os dissidentes americanos saíram do partido e ficaram conhecidos como a "Minoria" (novos mencheviques?). Trótski, decepcionado com a "traição" e "ingratidão", os chamou de "pequeno-burgueses", justamente a forma como Stálin usava para desqualificar a sua luta (sua origem elitista, seus gostos refinados e a preservação pela arte tradicional o colocavam abaixo do camponês Iossif Vissarionovitch).

- Por questões financeiras, Trótski aceitou o pedido de uma editora para escrever uma biografia de Stálin. Seguindo os bons preceitos jornalísticos, não queria que a obra resultasse enviesada ("""ïmparcialidade"""). Com afinco, escreveu longos capítulos, com base em extensas pesquisas sobre a vida de Stálin. Nos dois últimos, cansado, encurtou o fim e deu vazão ao que de fato queria falar.

- Em 1940, "Manuel Ávila Camacho [ministro da Defesa de Cárdenas] era um candidato de centro-direita que concorria com o apoio da esquerda, inclusive os comunistas e os sindicatos de Lombardo Toledano". Camacho era do partido de Cárdenas, que concedeu asilo a Trótski.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

"(...) para chegar à vivência da saudade, que é aquela em que a solidão se descobre potencialmente transcendível pelo amor, ou de outro ângulo, aquela em que o presente se descobre como eternidade, vinculado ao passado pela lembrança, vinculado ao futuro pelo desejo."

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Roda Viva com Flávio Dino e uma observação:

Flávio Dino, governador eleito do Maranhão, desafia as leis da polarização brasileira na política:
Vejo no twitter antipetistas comemorando o fim da 'dinastia Sarney', da corrupção, 'do mundo do mal', e não sabendo lidar com o fato de Dino se declarar de esquerda, comunista, e trocar uma singela letra do masculino 'presidente'.

É, pessoas, a vida não é tão simples assim. Não é como separar São Paulo do resto do Brasil. Errr.